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A presente exposição é fruto de um trabalho realizado pela profª Maria da Penha Oliveira do Nascimento ou Maria Fachini -como gosta de ser chamada- com estudantes do 3º ano do Ensino Médio da Escola Alzira da Fonseca Breuel, localizada no município de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. A atividade foi desenvolvida na disciplina Projeto de vida, durante o período de aulas remotas decorrentes da pandemia de Covid -19.

 

O tema proposto aos alunos pela professora, que também é mestranda do Profsocio/Fundaj, foi o as relações de trabalho no cotidiano. A atividade contou com a assessoria e a colaboração do professor Ricardo Raposo, da disciplina de Sociologia, ministrada na mesma escola. Durante os meses de abril e junho de 2021, os professores solicitaram que os estudantes fotografassem, com suas câmeras de celular, atividades cotidianas de trabalho realizadas por pessoas do seu  entorno (familiares, vizinhos etc.). A escolha das locações e dos fotografados foi decidida por cada aluno, sem intervenção dos docentes.

 

O intuito dos docentes consistiu em captar as percepções dos jovens acerca dessas relações de trabalho a partir das sensibilidades materializadas pelo olhar fotográfico. Além disso, o registro amador permitiu acessar leituras pessoais desses estudantes sobre a experiência por eles observadas durante a pandemia. A partir das discussões sobre  suas imagens apresentadas, os alunos expuseram suas reflexões em torno da  importância e/ou da precariedade do mundo do trabalho, sendo estes alguns dos temas que nortearam os debates promovidos em sala.

O que vocês verão na exposição de imagens Narrativas do olhar: o trabalho em tempos de pandemia, é o fruto deste belo trabalho realizado por estudantes do Ensino Médio. 

Galeria

Narrativa do olhar: trabalho em tempos de pandemia

Por Maria da Penha do Nascimento (Maria Fachini)* 

Narrativa: substantivo feminino, ação, processo ou efeito de narrar; narração, exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens.

Olhar: transitivo direto e transitivo indireto; observar atentamente; examinar, sondar.

Ao se apropriar dessas definições: narrativa e olhar, esse exercício pedagógico percorre os elementos que constituem o imaginário desses adolescentes e suas reflexões a partir de seus capitais culturais. Essas justaposições de pensamentos ganham uma potência de significados, quando se aliam aos seus discursos plurais, construindo um corpo que reflete suas individualidades e suas coletividades, lugar de preferência da Sociologia. 

 

Esse diálogo imagético não teria como começar sem alinhamos o seu conteúdo ao nome da exposição, pois foi esse exercício definido por essas duas palavras; Narrativa e Olhar, que podemos decifrar os caminhos trilhados por esses estudantes ao compor imagens tão verdadeiras e cruas, mas sem perder a poética, essencial para a “contemplação” da arte.   

 

Partindo das palavras de Pierre Francastel, quando este afirma que “o conhecimento das imagens, de sua origem, suas leis é uma das chaves de nosso tempo”, o presente trabalho é também um meio de observar “o passado com olhos novos e pedir-lhe esclarecimentos condizentes com nossas preocupações presentes”. Esse exercício do olhar ganhou concretude, a partir do projeto realizado na escola Alzira da Fonseca Breaul,  Cajueiro Seco Jaboatão, Pernambuco, desenvolvido nas oficinas pedagógicas que aliaram a fotografia ao conteúdo programático da disciplina Sociologia. O tema escolhido foi o mundo do trabalho, sendo interpretado através das câmeras dos celulares dos estudantes. 

 

A partir da adoção do tema, emergiram reflexões que ora estavam diretamente ligadas a precariedade ora ao orgulho do exercício da profissão. E neste espaço, entre essas duas percepções, as reflexões sobre temas sociais se apresentaram, no momento em que foram discutidos conceitos com  as lutas de classe (Karl Marx) e o tema da uberização do trabalho, com todas as suas características bem presentes no cotidiano das periferias brasileiras. Desta forma, a imagem aqui revela essa complexidade de emoções, desnaturalizando-se no confronto entre a foto e sua interpretação. Assim, a fotografia tornou-se um instrumento pedagógico facilitador do conhecimento para o ensino  das humanidades, na medida em que emergiu como objeto revelador da visão de mundo do estudante, ampliando vocabulários e construindo  pontes entre o ver e o ser.


*Maria da Penha do Nascimento (Maria Fachini) é  professora da Escola Alzira Breuel (Rede estadual de ensino de Pernambuco) e mestranda do Profsocio/Fundaj.

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