Mais de 100 mil imagens da história recente do Brasil disponíveis em alta resolução para uso livre sob licença Creative Commons 3.0 (CC-BY-NC).
Por Viviane Toraci*
Imagens compartilham pontos de vista.
As escolhas do fotógrafo carregam marcas de sua formação cultural, ideologia, personalidade. Seja uma produção pessoal, como cotidianas selfies ou fotos de família; fotos para fins científicos ou didáticos; e até o fotojornalismo.
Não há olhar neutro. Ele pode até ser ingênuo, mas ao ser registrado em um recorte fotográfico, tem a intenção de contar uma história.
O acervo de mais de 100 mil imagens construído pela Mídia NINJA conta uma parte da história dos Movimentos Sociais no Brasil nos últimos 7 anos. Em seu site, informa sua perspectiva:
Somos uma rede de comunicação livre que busca novas formas de produção e distribuição de informação a partir da tecnologia e de uma lógica colaborativa de trabalho. Entendemos a comunicação democrática como um direito humano e defendemos o interesse público, a diversidade cultural e o direito à informação, visibilizando pautas de comunicação, causas identitárias, cultura, meio ambiente, juventude e outras que dialogam com os desafios do século XXI.
As fotografias estão organizadas na forma de álbuns na página Flickr Mídia NINJA. São fruto de coberturas jornalísticas de protestos de rua, eventos culturais, missões nos mais diversos territórios brasileiros.
Mesmo com uma grande diversidade de colaboradores, mantém uma estética reconhecidamente voltada para a construção de narrativas capazes de amplificar a potência dos movimentos sociais. Uma seleção de fotos compõe também o perfil ninja.foto no Instagram.
Oliver Komblitt, no evento online COLAB 2021 — Encontro de Redes de Inovação e Colaboração — realizado em 24 de julho de 2021, com transmissão ao vivo e gravação disponível no YouTube, contou a história da história: como foi construído o NINJA.Foto.
Partindo da prática nas casas coletivas, a medida que as necessidades iam surgindo eram desenvolvidas soluções baseadas na "Sevirologia", ou seja, é preciso "se virar". Acredito que muitos de nós, principalmente os professores, são versados na Sevirologia. Assim, com base nas possibilidades de interconexão, colaboração e disponibilização em rede em tempo real, a equipe construiu sua força no campo da comunicação livre.
O trabalho coletivo descrito por Oliver pode inspirar a realização de atividades didáticas no campo das Humanidades na escola. A partir da análise das imagens, podemos discutir os diferentes olhares sob os movimentos sociais, comparando inclusive com as coberturas de outros veículos de comunicação.
Observar quem vê, o que vê, como vê e estimular a produção autoral de imagens pelos estudantes a partir da discussão de um tema e seus diversos pontos de vista. Essa perspectiva pedagógica foi utilizada na produção da nossa primeira Exposição aqui do imageH, de autoria de mestrandos ProfSocio/Fundaj.
*Viviane Toraci é pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, professora do ProfSocio e coordenadora do multiHlab - Laboratório Multisuários em Humanidades.
Para citar esse texto:
TORACI, Viviane. Acervo NINJA.Foto: Movimentos Sociais no Brasil. ImageH, 2021. Disponível em: www.imageh.com.br
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