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Coletivo Projetemos: quando imagens ecoam vozes

Imagens registraram as impressões, dores e lutas de sujeitos sociais esquecidos, dando voz, luz e cor a essas vivências durante a pandemia de Covid-19.


Por Mariana Gomes*

Foto integrante da campanha "TÔ COM FOME" do Proj.ED (Grupo de Projeções da Escola de Design da UEMG). Compartilhada pelo Coletivo Projetemos.


O Coletivo Projetemos surgiu como veículo de conscientização da população durante a pandemia do Coronavírus e se transformou em uma ferramenta de mobilização, em que a voz de cada um se torna expressividade quando projetada a partir de sua própria janela, seja em frases ou em imagens.


O Projetemos se tornou um ato de conexão de afetos, manifestação e mobilização política. A projeção de frases como “Vai passar, esteja vivo para ver” ou “Cuide, cante, dance, descanse, crie”, “Hoje foi um dia a menos na quarentena, vai passar”, espalham afeto e afago a quem visualiza. Também, fazem o papel mobilizador de levantar questionamentos sociais para assuntos que foram atenuados desde o início da pandemia. O trabalho proporcionou uma forma de nos manter conectados uns aos outros propondo novos tipos de interação coletiva, a qual foi nitidamente afetada pela quarentena.



“A projeção existe há muito tempo, desde 1800. Antes de existir energia elétrica já existiam os brinquedos do pré-cinema, a lanterna mágica, o lanternista viajante, são os primeiros VJ’s. A gente tá usando uma mídia que não é nova, mas estamos dando uma nova utilidade artístico-social para ela. É o povo querendo falar, a galera se voluntariando a querer participar, pegando seu projetor em casa ou querendo comprar um projetor para participar. Isso quer dizer que a galera tinha algo para dizer e queriam fazer parte daquilo também. E já me perguntaram se tem hora para acabar essa ação. A gente surgiu porque havia uma demanda social, então não tem hora para acabar isso, então a gente vai falar enquanto a gente tiver o que falar” .

Mozart Santos, um dos idealizadores do Coletivo Projetemos.



A ação de projetar imagens que provocam questionamentos sociais, políticos e culturais pode ser também uma ferramenta dialógica para as salas de aula, pois cada projeção conversa com assuntos concretamente relacionados aos conteúdos das Humanidades e, prioritariamente, com as temáticas da Sociologia. Pode-se, a partir desse material, refletir sobre a diversificação dos cenários de atuação dos movimentos sociais, os reflexos das manifestações dos indivíduos dentro da esfera política e a relação das imagens com o contexto das desigualdades sociais no Brasil. Esse tipo de abordagem proporciona aos alunos o contato com a leitura sobre o papel das fotografias e das imagens de modo geral, desenvolvendo suas próprias argumentações a partir das discussões sobre o que é o visual.


Essa diversidade de cenas, produzidas a partir das projeções e disponibilizadas na página do Instagram do Coletivo (@projetemos), pode também servir como um lugar de pesquisa dos estudantes, convidando-os a selecionar imagens que se relacionem com o assunto abordado nas aulas. Ou, ainda, como ferramenta avaliativa, desenvolvendo na escrita o exercício de interpretar uma fotografia à luz das inquietações do momento em que vivemos.


*Mariana Gomes é estudante de Licenciatura em Ciências Sociais e membro da equipe editorial do imageH.



Para citar esse texto:


GOMES, Mariana. Coletivo Projetemos: quando imagens ecoam vozes. ImageH, 2021. Disponível em: https://imagehmultihlab.wixsite.com/humanidades

 

Para saber mais:



 

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